segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre tua pele

De modo desajeitado rabisco o traço
faço das palavras galhos, fractais
e reescrevo as veias do teu braço.
Circulo minhas mãos com giz,
então, marco minha palma em ti.
São versos e também são cicatriz.
Assino meu nome sem testemunhas
e, reticente, pontuo tuas sardas.
Grafo tuas costas com a ponta das unhas
Anotando os tons, as notas, as impressões,
sublinho o caminho do teu perfume
Escrevo estórias, componho canções.
Com  caneta vermelha cambaleante
marco, rabisco, desenho e borro
as várias faces do teu semblante.
Exclamo em teu ouvido o teu nome.
Marco teu pescoço de nanquim
que não apaga e a água não consome...
Mas erro a grafia sempre que convém.
Por isso...
Se eu escrever um poema sobre tua pele
promete que não irá mostrar a ninguém?