quarta-feira, 19 de abril de 2017

Metropolitano


Quando você saiu em direção ao Afonso Pena, cortei os pulsos. Me enforquei em todas as árvores do Barigui. Quando você partiu naquele avião reluzente, tomei cicuta com cerveja no Largo, e bati a cabeça contra os prédios velozes das rápidas curitibanas.
Passaram dias. Passaram séculos. Eu dormi em vias públicas. Na frente da rodoviária, me embebi em álcool Tubarão e acendi fósforos Pinheiro, ateei fogo em mim - mais de dez vezes.
Quando você se foi, eu corri para baixo dos caminhões velhos carregados de madeira que ainda passam pela Linha Verde. Eu me joguei do Edifício Asa. Caí do Viaduto do Capanema propositalmente. Quando você foi embora, eu atirei contra meus dois ouvidos. E procurei encontrar todas as balas perdidas de Colombo. Na Avenida das Torres, escalei todas as torres e cortei os fios de alta tensão com tesoura de jardineiro. Saí sem rumo, rumo à Graciosa - tropeçando nas pedras - me amarrei à linha do trem que desce a Serra. Eu enfiei barras de ferro no peito. Cordas no pescoço. Greve de fome. Drogas pesadas. Coma alcoólico e chumbinho.
Mas a saudade ainda dói.

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